40 anos

“A arquitetura transforma o espaço. A sua substância primária é o ambiente. O resultado pode ser favorecido pelas condições naturais, que transcendem o âmbito das nossas intervenções, ou não… Assim como o trabalho do arquiteto pode contribuir para manter ou restabelecer equilíbrios ou, pelo contrário, causar danos mais ou menos irreparáveis.
A capacidade de entender o contexto da nossa atuação é uma das competências profissionais que nos é exigida. Sermos recetivos a todas as sinergias para contribuirmos para o bem-estar dos outros.
Sempre assim foi. Não se trata de uma aquisição recente. Os 10 Livros de Vitrúvio continuam atuais e os seus ensinamentos ainda são de grande utilidade.
Recordo que em quarenta anos de trabalho a constante atenção às características físicas dos lugares e às condições naturais de ambientação térmica, de ventilação, de iluminação e acústica dos espaços construídos foi uma metodologia herdada da minha formação académica e profissional.

Quer na Escola de Belas-Artes, com Frederico George, Lagoa Henriques e Manuel Tainha, quer nos ateliers onde, durante os anos 70 e 80, colaborei com Maurício de Vasconcelos, Bartolomeu Costa Cabral, António Nunes de Almeida, Manuel Sheppard Cruz, Arsénio Raposo Cordeiro e Luís Jorge Bruno Soares, por sua vez todos marcados pelo atelier Conceição Silva, a chamada ‘arquitetura amiga do ambiente’ preconizava, de modo empírico e voluntarista, aquilo que hoje é exigência regulamentada, rigorosa e mensurável.

O gabinete TETRACTYS arquitectos, que criei em 1991 com Alberto França Doria, não foi só um virar de página processual. Foi a resposta a uma nova era na produção do projeto de arquitetura e a oportunidade de fazer face a desafios pautados pela inovação nos meios construtivos e tecnológicos, pelo rigor no projeto e na obra, pelo controle dos custos e pela eficácia do desempenho de empreendimentos que, como a FIL, no Parque das Nações, a Central de Tratamento de Resíduos

António Barreiros Ferreira | Tetractys Arquitectos